Comecemos com a ideia de que "a última batalha é para ser ganha!" (Governador Civil de Beja, Monge).. Ora, nada podia ser mais objeciva da nossa ganância, mas ao mesmo tempo difícil de atingir, pela própria natureza humana..
Para alguém poder considerar que teve uma vida plenamente realizada, normalmente criamos o preconceito de que o final dessa tem que ser esplendorosamente em grande.
Isto trata-se, no entanto, de uma utopia. Uma utopia porque, 1º, quem quer morrer com dignidade, digamos, tem que sair em grande. Mas uma pessoa nunca sabe quando poderá vir a perder a oportunidade que foi a vida, ou se irá morrer (por estranho que possa parecer). Assim, temos um primeiro entrave: o prazo limite para as nossas actividades "acabarem bem". Ainda no seguimento deste contexto de invalidez abstracta mas concreta (porque a morte acaba com o fisico, mas continuamos...não sei para onde, mas estou seguro de que continuamos) é alguém "acabar mal" uma actividade, qualquer que seja ela, e não possuir instrumentos ou capcidades mentais e fisicas de outrora, apesar de continuar vivendo. Esta, por mim considerada a mais frustante e corrosiva para a alma de um Homem.
Como exemplo caricato temos o Senhor Mário Soares. Já se tendo retirado, com pompa e circunstância (dizem uns), verificamos que se sentia capacitado para uma última batalha. Candidatou-se para a Presidência da República, manteve-se na campanha (de uma forma, por mim considerada inconcebivel para um politicio do seu calibre e experiência) e mesmo antes do final já tinhamos percebido que não iria ganhar este confronto. Ora, fora talvez o seu último em grande plano, e perdeu-o. Considero que não há maor derrota do que a ultima (se3 é que podemos ter a certeza que a derradeira o foi).
E deste exemplo parto para o segundo ponto deste meu pensamento (peço desculpa a aqueles que já deixaram de ler pela maçada e perda de tempo de que fui co-autor...sim, porque leram de livre vontade e por isso têm quota parte de responsabilidade destes danos morais de que foram vitimas =) ). A natureza invariavel do ser humano. Em tudo vê desafio, em tudo procura participar (digamos, aqueles que se prezem e à sua inteligência) e em tudo querendo ganhar. No entanto, há que escolher as batalhas, e é aqui que ocorre o erro: nós não sabemos escolhê-las. Se devemos escolher bem os confrontos, o último deles todos, que deveria ser na qual jogamos/apostamos tudo, forte e feio (como fez Mário Soares), tem que ser um em que tenhamos garantias de vitória. Ora, como não há certeza de nada neste mundo, opoem-se-nos duas incertezas básicas: em que entrave participar?; teremos hipóteses de o ganhar?.
Então, podemos concluir que o Homem tem que participar em múltiplas batalhas na sua vida. Se delas não sair vitorioso, que continue a tentar enquanto tiver fôlego para isso. Isto já que nunca se sabe o que virá amanhã, ou seja, se podemos ou não continuar a batalhar e conseguir ter um fim vitorioso.
Posso dizer que vou continuar a lutar, sempre mais e melhor, e como não posso dizer-te o amanhã, desconheço se vou terminar o meu percurso vitorioso, com pompa e cirscuntância, grandioso e majestoso. A minha sapiência diz-me que existem tanto menos hipóteses disso acontecer quanto menos obstáculos tiver na vida. E é por isso que vou procurá-los, ultrapassá-los (com uma derrota ou vitória) e tentar fazer que o último seja o mais notável, porque foi o último...e consegui vencer.
Nada me daria maior prazer e cumprimento à vida.
Nuno de Sá Lemos.